Ao marcar o primeiro gol do empate do Paris Saint-Germain por 2 a 2 com o Caen, no último sábado, pelo Campeonato Francês, o sueco Zlatan Ibrahimovic chamou a atenção do mundo com o corpo tatuado com o nome de 50 pessoas. No dia seguinte, o jogador do PSG liberou um vídeo nas redes sociais para explicar o significado de cada um deles: eram 50 cidadãos do mundo auxiliados por um programa das Nações Unidas contra a fome.
O projeto foi elaborado por Marina Catena, diretora do programa de alimentação mundial das Nações Unidas, e prontamente aceito por Ibrahimovic. Para desenhar os nomes, o jogador escolheu dois tatuadores: Tyrsa (Alexis Taieb) e Martin Schmetzer. Foram 50 desenhos, com mais de uma opção. O primeiro indício de que faria uma surpresa nas próximas partidas aconteceu no sábado pela manhã. Nas redes sociais, o jogador postou uma foto com o nome "Abdullah" desenhado no corpo.
Cada nome desenhado provisoriamente na pele do atacante tem uma história. E algumas delas foram contadas pelo programa chamado de "850 million names" ("805 milhões de nomes").
"São apenas 50 nomes de 805 milhões. O meu corpo é grande, mas não tão grande para colocar todos. As tatuagens daquele jogo não são verdadeiras. Eu tenho tatuagens, com nomes, números e situações da minha vida que são reais", disse Ibra.
O jogador também relembrou alguns momentos difíceis que viveu em sua vida antes de ser o jogador consagrado da atualidade. "Quando eu era jovem, quando cheguei em casa, não quero dizer que não tinha comida, mas, eu não tinha uma geladeira cheia. Ele estava vazia. O meu pai trabalhava muito, mas a situação era diferente, e eu sentia como era. Por conta disso, eu queria ajudar o programa para ver essas pessoas, esses nomes, em destaque. São apenas 50 nomes, mas estamos falando de 805 milhões que passam fome", disse o jogador, em entrevista.
Antes do jogo diante do Chelsea, na terça-feira, pela Liga dos Campeões, o técnico Laurent Blanc repreendeu a atitude de Ibra de tirar a camisa e levar o cartão amarelo. Na opinião do treinador, o ato poderia ter prejudicado o Paris Saint-Germain. O zagueiro Felipe Saad, do Caen, afirmou que, antes de tomar conhecimento do motivo, o treinador de sua equipe ficou revoltado com a postura do sueco após ter marcado o gol sobre a sua equipe. Para Ibra, o ato valeu a pena.
"Existem problemas maiores do que um cartão amarelo ou vermelho. Foi tudo espontâneo e eu estava pronto para qualquer consequência. Conversei com a minha esposa sobre fazer as tatuagens e ela deu o OK", explicou Zlatan.
Os nomes tatuados no corpo de Ibra foram os seguintes: Carmen, Antoine, Snom, Rachel Kamindo Venoniea, Virginia, Phok, Mapendo Claudine, Seuy, Dy, Genaro, Sey, Marisol, Kean, Samorn, Kean, Lisbeht, Hak, Lida, Chheuy, Julia, Mariko, Meth, Inocente, Angel, Yovana, Tarloy Siatta, Yaae, Waa Dut, Nyalel, Famatta, Rebecca, Rose, John, Zakaria, Khalil, Mazen, Samer, Saïf, Abdullah, Nour, Mohamed, Ameen, Sawsan, Amal, Rahma, Nour, Ali, Omar e Naudine.
Confira abaixo algumas histórias dos desenhos de Ibra:
Chheuy e Lida (Camboja): Aos 9 e 8 anos, as duas meninas são amigas há alguns anos. De acordo com o site do programa, elas caminham todas as manhã para a escola com a barriga vazia. Elas se alimentam com a merenda servida entre as aulas.
Siatta (Libéria): A família de Siatta perdeu sete dos seus membros para ebola em apenas nove semanas. Aos 30 anos, ela conta com a ajuda da irmã Famatta, de 32, para cuidar de irmãos e sobrinhos. São seis crianças com idades entre 4 e 16 anos.
Mariko (República Democrática do Congo): de 80 anos, chegou ao campo de refugiados em Mugunga após fugir da violência de sua aldeia na República Democrática do Congo.
Yaae (Sudão): aos 28 anos, Yaae viu a violência bater a porta de casa em sua aldeia no Sudão. Decidiu ficar e sobreviveu com os seus quatro filhos. Porém, por conta de uma nova onda de lutas armadas, ela optou por mudar-se e hoje mora numa ilha no rio Nilo.
Antoine (República Centro-Africana): de 75 anos, é um cantor tradicional da aldeia de Berberati. Ele sobrevive graças à produção de canções em torno das vilas e cidades. O homem costuma dizer que seu autógrafo é uma música. O sonho dele é voltar para casa e cantar.
Carmen (Bolívia): Aos 52 anos, Carmen é a chefe de uma comunidade indígena guarani no Palmar Chico. Com autoridade local, ela ajudar a sua comunidade a prosperar através da terra, emprego, saúde de produção agrícola.
Sawsan (Síria): Nascida na Síria, Sawsan, de 13 anos, foi forçada a fugir de seu país por segurança. A guerra fez sua família buscar abrigo no maior campo de refugiados da Jordânia. Curiosamente, assim como o pai, a menina joga futebol e considerada uma das melhores atletas de sua equipe.
Rahma (Iraque): Natural de Mosul, no Iraque, Rahma, de 14 anos, chegou ao acampamento Harsham, na cidade de Erbil. Ela fugiu do conflito em sua cidade natal e, desde que saiu de casa, a menina e sua família já se mudaram em outras três oportunidades.